Coronavírus, isolamento social e retomada comercial: o que aprendemos com a China

Os últimos meses têm sido de insegurança. As despeito da escalada vertiginosa de infectados e mortes no Brasil, a crise econômica vem mostrando seus sinais. Diante deste cenário, muitos governantes têm tentado uma retomada comercial, flexibilizando as normas de isolamento, mas voltando atrás perante o aumento da curva de contágio. Combater a pandemia se tornou mais do que uma questão de saúde pública, e sim um desafio de estratégia a nível global. Por isso, muitos especialistas tem olhado para outros países para entender e aprender como lidar com a pandemia.

A china, primeiro país a enfrentar a epidemia da COVID-19, foi também o primeiro país a sofrer as consequências econômicas e sociais do isolamento inesperado. Daniel Manucci, advogado e especialista em direito internacional, desmente a ideia de que o vírus teria sido inventado como estratégia comercial. Segundo ele, “foi criada uma grande celeuma ao redor da pandemia, de que a China poderia se beneficiar de alguma forma deste abalo econômico criado no mundo, mas a verdade é que a China perdeu, e muito”.

Dentre as perdas sofrida pelo país, a começar pelas vidas de seus cidadãos, destaca-se também a drástica redução da capacidade produtiva – que no âmbito industrial sofreu uma queda de 13,5%, a primeira contração desde janeiro de 1990 – e o congelamento de muitas transações comerciais, especialmente no comércio de médio e grande porte. Além disso, houve um prejuízo da imagem e reputação da China, visto que muitos empresários e turistas tem cancelado suas viagens para o país. “Diante destes dados, não é possível afirmar que a China tenha se beneficiada com a pandemia da COVID-19”, completa ele.

Estratégias coletiva e inteligência comercial no combate a pandemia

A partir desta situação, a primeira nação afetada pela doença também foi a primeira a desenvolver estratégias e articular uma grande mobilização coletiva para a contenção da doença. Além do isolamento social, adotado integralmente e todo o país, através de uma política que promoveu uma unidade governamental no que tange as medidas de contenção da epidemia; outras práticas foram adotadas:

  • Adoção de uma estratégia social coletiva, visando a contenção mais rápida do vírus;
  • Eleição de cidades estratégicas para testes de novas políticas públicas;
  • Amplo uso da tecnologia, especialmente a robótica;
  • Investimento em infraestrutura de saúde pública;
  • Investimento em medidas de segurança, limpeza das ruas e monitoramento;
  • Grande ascensão das health techs – empresas de tecnologia voltadas para a saúde;
  • Investimento em informação estratégica – fornecendo orientações e acompanhando a evolução clínica dos infectados;
  • Uso do WeChat (plataforma semelhante ao WhatsApp) para monitorar as regiões com maior número de contaminação;
  • Adoção de sistema de bandeiras para sinalizar a curva de contaminação;
  • Estímulo massivo a prática de EAD e do home office para a população;
  • Ampliação dos serviços de delivery, com ampla proteção aos entregadores;
  • Monitoramento de estrangeiros e nativos vindos de outros países.

Com uma série de medidas para a contenção do contágio, a China conseguiu se reestruturar para uma retomada econômica. Porém, de acordo com o especialista, o momento ainda é de cautela. Ele conta que tem recomendado aos seus clientes, que suspendam investimentos de alto risco, foquem na sustentabilidade do negócio e em formas de escalar o serviço no ambiente digital. Para ele, é importante adotar o pragmatismo chinês, focando primeiro no controle da doença, para em seguida avançar com estratégias de retomada econômica.

A tecnologia como protagonista

A China receberia este ano uma série de eventos, entre eles a Canton Fair, maior feira de negócios do mundo. Com o cancelamento de grandes eventos, alternativas digitais têm sido elaboradas para aquecer o mercado. A exposição online de produtos, o investimento em robótica e tecnologias de realidade virtual tem se destacado dentre estas alternativas. Manucci pontua que por ser um país com um histórico de amplo desenvolvimento tecnológico, a China está mais preparada para atuar no ambiente digital e fazer amplo uso de novas invenções. O Brasil deve se inspirar neste modelo, investindo em desenvolvimento e capacitação que preparem o país para o surgimento de uma nova era, com hábitos sociais e de consumo transformados.

Você pode conferir a entrevista completa realizada pelo CEO da LZ, Luigi Zampetti, com o advogado e especialista em direito internacional, clicando aqui. Quinzenalmente,  são realizadas lives no Instagram da LZ, tratando de temas importantes para atualidade com convidados ilustres. Siga @ lzmktenegocios para ficar por dentro.

Menu